terça-feira, 24 de novembro de 2009


do glamour à boca do lixo


Na década de 40, o então governador de São Paulo Adhemar de Barros instituiu uma lei que restringia o meretrício ao bairro do Bom Retiro – nas ruas Aimorés, Itaboca e suas travessas.

A restrição, porém, não durou muito. Em 1953, o governador Lucas Nogueira Garcez derrubou o decreto. A polícia invadiu a Zona de Tolerância. A intenção era acabar com a prostituição. A lei e a ação policial, porém, acabaram apenas por acabar com a zona de confinamento. Despejadas, as mulheres partiram para morar em pequenos hotéis, pensões e pequenos apartamentos no bairro dos Campos Elíseos, nas proximidades da Estação da Luz. Não demorou para que as ruas da região tivessem paisagem parecida com a da antiga Zona. Junto com as prostituitas, bares, hotéis, restaurantes e salões de beleza surgiram para atender ao grande número de prostitutas que começava a atuar na região – e ao número muito maior ainda de clientes que as procuravam.

Formava-se então o que seria chamado de Quadrilátero do Pecado. A área ganhou o nome pelo desenho de sua delimitação no mapa da cidade – e pelas inúmeras casas de prostituição e mulheres passeando por suas calçadas e oferecendo programas. O desenho tem início na rua Mauá, a poucos metros da estação da Luz, e prossegue pela rua dos Protestantes, passando pela Rua do Triunfo e chegando à Avenida Ipiranga. Continua na famosa esquina com a São João e segue por essa avenida até encontrar a Duque de Caxias. O desenho se fecha então novamente na rua Mauá. Entre esses traços principais, as ruas paralelas, onde encontra-se realmente a maior presença do meretrício: alameda Barão de Limeira, rua Guaianases, avenida Rio Branco, rua dos Andradas, rua dos Gusmões.

Se o centro era conhecido por ser o centro financeiro e de empregos da metrópole, logo passaria a ter outra cara. Além da presença das prostituitas, a região começou a atrair também a marginalidade e a boêmia paulistana. A área do Quadrilátero do Pecado não demorou a se tornar conhecida também como Boca do Lixo.

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