quinta-feira, 26 de novembro de 2009

dez reais, dez minutos

Foto: Lívia Ramirez


São oito horas da noite quando um carro da Polícia Militar passa em baixa velocidade pela rua Guaianases. Um dos policiais avista três homens parados em um canto da rua quase deserta e coloca a cabeça para fora. Ordena que fiquem onde estão. Descem então três PMs da viatura e vão até os suspeitos. Mão na parede, revista meticulosa. Até camisetas e bonés são retirados e verificados.

Um dos policiais vai até uma das montanhas de lixo que se espalham pela calçada da Guaianases. Revira algumas sacolas e papelões. No meio da sujeira, encontra algumas pedras de crack. Nos bares ao redor, silêncio. Os clientes param para acompanhar a ação. Tudo acontece em frente a três prives - casas dedicadas exclusivamente ao sexo pago -, onde a luz acesa na entrada revela que tudo continua, ignorando a movimentação lá fora.

Em um deles, a Casa Rosa, uma íngreme escada vermelha leva até o hall principal. A entrada é discreta. Nada diz que ali funciona um estabelecimento "da luz vermelha". Na sala, a gerente do local está sentada, os pés apoiados em uma velha mesa de madeira. “Aqui, é dez reais, dez minutos”.

Um oriental vestindo camisa social e calça jeans se aproxima, mãos dadas com uma garota. “Vou com ela”.
“Quanto tempo o senhor vai ficar?”, pergunta Fabiana.
“Do jeito que eu to, vou ficar logo uns três dias”, brinca o sujeito. Depois, mais sério, paga por meia hora de programa. O dinheiro é dado na hora. Fabiana anota em um caderno. “Carla – 30 minutos – 30 reais”.

O casal recém formado vai para um dos quartos, divididos por paredes de madeirite. Em poucos minutos, é possível ouvir da sala os gemidos do japonês. A parede que limita o pequeno quarto chega a tremer com a força da relação.

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