quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

um guia para os putanheiros



Marcos se veste após uma transa rápida com Michele. Vinte reais para entrar no pequeno quarto, criado com divisórias de madeirite. A garota é bonita: jovem, loira, esguia, destoava até da maioria das mulheres do prédio. Valia a pena pelos vinte reais. Tudo tinha durado uns quinze minutos, um oral e um papai e mamãe – nada de mais, apenas para saciar a vontade naquela tarde de sábado. Enquanto subia o zíper, Michelle se olha no espelho.

“Como você ficou sabendo daqui? Foi na internet?”, pergunta ela, sem tirar nem se virar. Ele, que não esperava pela pergunta, fica sem reação por um momento. “É, foi sim, por quê?”. Ela explica, então, que muita gente vinha por ler sobre o edifício na internet. E que os clientes também aproveitavam para dar nota às meninas. “Se você participa lá, fala bem de mim”, diz, dando uma risadinha.


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Em 2002, nascia o Gpguia. O fórum de discussões online se apresentava como um guia de garotas de programa onde os próprios usuários adicionavam informações sobre boates, pontos de prostituição de rua, acompanhantes. Não demorou para que relatos de todos lugares do Brasil – e também de outros países – enchessem os servidores do site. Os participantes da comunidade virtual podem criar páginas com descrição de uma boate e contar sobre o programa feito lá – ou em um prive, prédio, hotel. O chamado “test-drive” ganha até nota, sendo avaliado como positivo ou negativo. No começo de setembro de 2009, o fórum registrava cerca de 15,5 mil membros ativos que já haviam trocado mais de 887 mil mensagens.

Os tópicos sobre boates e garotas se divididem por estado. Em São Paulo, uma das seções é a “Área Trash”, que se resume a “locais conhecidos por todos, mas que poucos assumem que já estiveram lá”. Nessa parte do site concentram-se os relatos sobre os estabelecimentos do Quadrilátero do Pecado, no centro da Boca do Lixo paulistana. Se antes era necessária a indicação de algum amigo ou curiosidade e olho atento para encontrar pontos de prostituição escondidos por detrás de casas comuns e prédios, agora uma simples busca na internet pode render uma lista de estabelecimentos com seus preços, descrições e até mesmo recomendações de garotas específicas.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Tássia gostosa, anal s/ frescura - TX R$10

“É que nem andar de bicicleta. A gente vai tentando, tentando, tentando...até que não quer mais sair de cima”, exemplifica Tássia, brincando, ao contar sobre como começou na prostituição. A loira de trinta e um anos, nasceu no Paraná e veio para São Paulo há dez anos, acompanhada do marido. O primeiro emprego na capital foi como diarista, mas o trabalho era muito, e o dinheiro, pouco.

Quatro anos depois, conheceu uma garota que fazia programas na ruas do Brás. A amiga contava sobre o dinheiro que conseguia – muito mais do que o salário de Tássia, que acabou convencida a também tentar a sorte por lá. Trabalhou por seis meses com a colega, até que ficou sabendo de uma casa no centro da cidade, na rua Guaianases. “Aí fui pra lá. Em um prive a gente tem mais segurança”.

E o marido? “Igual homem, a gente aprende a mentir. Não vou contar para ele nunca, nem pensar. Digo que estou trabalhando com promoção, fazendo uma faxina aqui, outra ali...vou enganando”, conta Tássia, que cobra dez reais por dez minutos de sexo. Metade do valor fica para a casa, mas ela não reclama. “Se eu trabalhasse normal, ia ganhar uns quatrocentos reais, não compensa. Não acho meu trabalho fácil. Abrir as pernas aqui é muito difícil, mas pra mim é a melhor opção”. Tudo é encarado com profissionalismo. “Eu não gozo, eu não me envolvo, só quero o dinheiro do cara”.

Até por isso, ela não pensa em sair tão cedo dessa vida. “Não passo dificuldades. Pago aluguel, compro minhas coisas e ainda dou dinheiro pro meu marido. Só quero pensar em parar daqui a uns dez anos”.

Ao fechar um programa e subir para o quarto, um pequeno cubículo com um colchão no chão, Tássia é direta. Pergunta ao cliente o que ele quer e sugere as posições. “De quatro, por cima ou atrás?”. A abordagem, porém, nem sempre é a melhor. “Tem uns caras que são muito tímidos e aí a gente precisa agitar eles. Outros parecem um furacão, que eu fico até com medo da vontade deles. E tem também os carinhosos, que são os mais gostosos”.

Uma das maiores dificuldades com os homens é a camisinha. Segundo a loira, muitos não querem usar o preservativo. “A gente tem caixa de camisinha aqui, que a casa dá. Tem que tomar muito cuidado também, porque durante o programa alguns caras tentam tirar a camisinha ou até furar”. Tássia garante que nunca transou com clientes sem proteção e ainda conta que agentes de saúde da prefeitura vão com freqüência à região para atender as prostitutas. “A gente tem que preservar a saúde, então acho muito bom esse cuidado”.

Outro ponto que gera desentendimentos freqüentes é o tempo. A maioria dos homens paga por apenas dez minutos de sexo, que saem por dez reais. Quando acabam os dez minutos, a gerente da casa berra o nome da garota e avisa que o programa acabou. Mas muitos não conseguem chegar ao orgasmo nesse curto período. “Eles ficam irritados e até discutem com a gente por causa disso. Temos que acalmar e explicar que isso é um trabalho, um serviço. Se quiser mais tempo, tem que pagar”.

A paranaense ainda conta sobre alguns desejos diferentes dos clientes. “Tem uns que querem virar mocinha. E que querem que todo mundo saiba. Aí chamamos as amigas daqui pra assistirem. Pra gente é tudo zoeira, é divertido”, conta ela, rindo. Ela lembra então de um caso especial. Juarez, um homem casado, de quarenta e poucos anos, freqüentava a casa com alguma freqüência. Depois de vários programas, tomou a liberdade de pedir para que Tássia usasse um vibrador para satisfazê-lo.

“E aí ele ainda falou pra eu ligar pra esposa dele e falar que tava comendo o marido dela. Foi uma situação chata, mas ela acabou assumindo a culpa pela feminilidade do marido. Falou que começou a fazer brincadeiras usando o dedo e depois comprou um consolo. Aí extrapolou a brincadeira. Agora ela diz que ele quer dar pra tudo quanto é moleque lá na rua onde moram”, narra Tássia, entre risos.

Apesar de se divertir ao contar as histórias dos programas, a loira destaca que precisa tratar todos com carinho. “Eles têm que gostar e querer voltar aqui. Precisamos dos clientes”.