“Eu não quero criar raiz aqui. Estou só até juntar um dinheiro pra comprar um apartamento, dar uma ajeitada na vida, sabe?”, explica Pâmela, enquanto toma uma lata de cerveja, sentada em uma mesa na antesala de um dos apartamentos do Itatiaia. Para isso, ela trabalha duro. Sai de Mogi das Cruzes todos os dias para ir até o centro – o trajeto, entre distância a pé e trem, demora cerca de uma hora e meia. Chega ao prédio às dez horas. O expediente ali dura até as nove.
O número de programas negociados durante o período de onze horas em que fica por ali pode variar muito de um dia para o outro. Pâmela, porém, garante que nunca voltou para casa de bolso vazio. “O mínimo que eu já fiz foram dois programas. Em dia normal, fica entre uns dez e vinte. Agora, às vezes, pode ser mais, bem mais. Já cheguei a fazer quarenta em um dia”, conta ela, se divertindo com a situação. “Tenho compulsão por sexo. Então, quando eu to com o cliente, começo a fantasiar e tentar agradar ele. Aí acabo gostando também. É melhor assim né, nessa parte eu sou quase homem”, brinca. Até por isso, revela que aceita fazer até programas com dois, três clientes, mas jamais faria sexo com uma mulher.
Nesse ritmo, consegue uma renda mensal de cerca de seis mil reais. “Dá pra viver bem, comprar roupa, às vezes sair sem se preocupar muito com quanto vai dar a conta”. Pâmela tem trinta e seis anos – não é muito nova, mas isso não importa. No edifício, trabalham desde garotas que acabaram de completar dezoito anos, até senhoras na casa dos sessenta. As mais novas, porém, costumam angariar a maioria dos clientes – seja pela aparência que agrada mais aos visitantes, seja pela disposição maior na hora de buscar os homens.